15 agosto 2016

Crónicas da ruralidade #2

1. Ontem à noite, mesmo antes de deitar, reparei numa osga grande e gorda confortavelmente instalada no tecto da sala. Ainda ponderei deixá-la lá ficar (estes bichos não me fazem confusão), mas a gata reparou nela ao mesmo tempo que eu e começou a estalar os bigodes. Ia ser uma noite de alvoroço, com direito a miados agudos e probabilidade de móveis no chão, portanto armei-me de uma vassoura e esperei pacientemente que a bicha (a osga, não a gata) se agarrasse às varas para a soltar nos arbustos mais próximos.

2. Por falar em osga, durante mais de 1 ano acalentei estima por uma osga habitante da minha lareira (que não é usada. Nem limpa). Até lhe dei um nome: Elvira, e gostava de a ver passear alegremente com aquelas patinhas pegajosas esborrachadas no vidro. Depois estacionou num canto e nunca mais se mexeu. Pensei que hibernava. Há pouco tempo abri a lareira para limpar e percebi que a Elvira virara cadáver. Afeiçoei-me a uma osga morta, portanto.

3. Decidi de repente ir apanhar amoras (já estão grandes e pretas; não as apanhar é um crime), mas não me apeteceu mudar de roupa, então lá fui de calções, top e chinelos. Não é preciso dizer quão esgatanhada estou. E faço alergia ao silvado.

4. Acabei de encontrar a gata com a cabeça enfiada no balde das amoras. Não sabia que os felinos gostavam de frutos vermelhos, mas o batôn roxo ficou-lhe uma graça.

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