02 agosto 2015

Cor de porquinho


O meu pai era um pequeno tição de morenice; os menos amigos chamavam-lhe "o preto". Enquanto gaiata gozei do tom de pele mais bem passado, sobretudo no Verão, altura em que parecia meio ciganita. Depois, não sei precisar quando, fui colocada em lixívia e fiquei assim, pálida dos pés à cabeça, e não há sol que me valha. 

Este ano a coisa está crítica: estamos no início de Agosto e ainda não pus as reais patas na areia da praia. Estou mais que pálida, estou branco-lula, rosa-porquinho, copinho de leite. E não, não tenho vergonha em vestir calções, que nem toda a gente foi abençoado com uma cor de pele saudável. 

Vá, torçam por mim, a ver se consigo torrar um bocadinho este ano. Não peço muito, bastava-me o tom galão-claro. 

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