28 agosto 2015

O dia em que quase nos matei

Acordei às 4.30h com uma sensação estranha. Levantei-me, agoniada, e senti um cheiro pestilento. Corri ao quarto da mãe (é o primeiro sítio onde passo quando me levanto). Tudo quieto. Percorri a casa toda até parar na cozinha, onde me deparei com um bico de gás aberto (nunca me tinha acontecido um descuido tão grande). Não fazem ideia do cheiro nem do susto que apanhei!

Hoje é que era; podia ter sido o último. E ninguém daria por nós, aqui fechados, durante semanas (meses?), até o cheiro se tornar insuportável ou toda a casa ir pelos ares.

- O que é que te acordou? - perguntaram-me. A sorte. Ou um anjo que tenho por cima do ombro.

O dia hoje pareceu-me maravilhoso.

19 agosto 2015

Pranchas e alforrecas (ou não sei que título dar a isto)

Hoje foi o 1º dia verdadeiramente bom de praia. Sem vento e com água um pouco mais quente. Cheia de alforrecas também.

Enquanto tentava entrar no mar, equilibrando os arrepios do choque térmico com o nojinho das alforrecas, uma miudinha (não tinha mais de 11 anos) montada numa prancha dirigiu-se à minha pessoa.
- Senhora, não precisa ter medo das alforrecas. Elas estão mortas, não picam. Eu costumo apanhá-las com a mão. Se pegar só na cabeça não faz mal.
- Não tenho medo, fazem-me é impressão. São muito viscosas...
- Ah, isso são mesmo! - e deslizou com a prancha numa onda.
Voltou pouco tempo depois:
- Senhora, mergulhe logo de uma vez! Como está a fazer é mais difícil! - e tornou a apanhar uma onda.

E eu fiquei ali, de cara à banda perante a audácia da gaiata. E nem me refiro ao facto de me tratar por "senhora", que isso é coisa a que nunca me hei-de acostumar (não nos deviam avisar quando mudamos de estatuto?), mas à vontade de ensinar a missa ao vigário. Ah, a bela da idade em que achamos os adultos uns tontos ignorantes! Ainda há uns anos atrás era eu ali, em cima da pracha (quantos anos mesmo? 10? 20? - oh tempo, abranda, moço!)

O meu gato é mais esquisito do que o teu! #1


16 agosto 2015

Onde anda o Verão?

O Galaró meteorológico que comprei na visita de estudo a Alcobaça, quando tinha 10 anos, também não sabe que é feito do sol.

Amanhecer Dantesco

Acordei com o barulho dos barcos. Sintonia que parecia o fim do mundo. 
Abri a janela e deparei com um nevoeiro espesso de cortar à faca.
Nos arredores viam-se corvos grandes e gordos, com um grasnar arrepiante. 

"Pronto, é o fim do mundo" - pensei. Senti-me personagem de um filme de Hitchcock.

Que Verão é este, minha gente?


07 agosto 2015

Coisas que me saiem #1

Veio cá ontem o moço da loja entregar o novo televisor, que o antigo, com mais de 25 anos, já estava para lá de Bagdad. Entrou-me pela casa adentro, perguntando onde era para pôr o levezinho LCD. Respondi-lhe que era na porta ao fundo, no lugar do trambolho que lá estava. Acrescentei depois, lembrando-me que a minha mãe estava alapada no sofá:

- "O trambolho é o televisor, não a minha mãe!"

Seguiu-se um momento constrangedor, em que esperei que o moço entendesse o meu humor negro e desse uma gargalhada. Um ligeiro esgar, vá. Não aconteceu.

Sou uma incompreendida.

02 agosto 2015

Cor de porquinho


O meu pai era um pequeno tição de morenice; os menos amigos chamavam-lhe "o preto". Enquanto gaiata gozei do tom de pele mais bem passado, sobretudo no Verão, altura em que parecia meio ciganita. Depois, não sei precisar quando, fui colocada em lixívia e fiquei assim, pálida dos pés à cabeça, e não há sol que me valha. 

Este ano a coisa está crítica: estamos no início de Agosto e ainda não pus as reais patas na areia da praia. Estou mais que pálida, estou branco-lula, rosa-porquinho, copinho de leite. E não, não tenho vergonha em vestir calções, que nem toda a gente foi abençoado com uma cor de pele saudável. 

Vá, torçam por mim, a ver se consigo torrar um bocadinho este ano. Não peço muito, bastava-me o tom galão-claro. 

Do longo Julho


Julho foi, certamente, o mês mais longo do ano. Trabalhei a mil à hora, entreguei os últimos trabalhos da pós-graduação (tive 17, a quem interessar - colocar aqui um mini dança do orgulho) e ainda dei uma voltinha por terras hermanas. Encontro-me agora em estâncias veraneias, de onde continuarei a trabalhar a meio gás, mas com as patitas enfiadas dentro de água. 

A quem está de férias, força nisso. A quem não está.... bem, que a força esteja convosco também.